O ex-piloto francês Rene Arnoux, terceiro colocado no Mundial de 1983, com Ferrari, em conversa com o Estado, disse: “A Fórmula 1 é assim. Passa bons anos convivendo com milagres, acidentes onde a possibilidade de o piloto morrer era maior do que não acontecer nada, e de repente pimba. Aí todo mundo se mobiliza”. O acidente na largada do GP da Bélgica, domingo, a exemplo do de Michael Schumacher, da Mercedes, e Vitantônio Liuzzi, Force India, em 2010, no GP de Abu Dabi, mostrou a necessidade urgente de se proteger melhor o cockpit, não mais deixar a cabeça do piloto exposta.
Fernando Alonso não morreu no circuito de Spa-Francorchamps por um desses milagres descritos por Arnoux. A Lotus do inconsequente Romain Grosjean passou voando a centímetros do seu capacete. Pouco depois da bandeirada, domingo, o tema da maior proteção ao piloto circulou com desenvoltura pelo paddock de Spa. O diretor técnico da McLaren, Paddy Lowe, defende a intensificação dos estudos para a introdução da chamada bolha transparente sobre o cockpit, uma espécie de canopi, como em algumas aeronaves.
Lowe acha possível os projetos de 2014 já incorporarem esse importante recurso. “É a área de segurança que mais precisamos investir”, disse. E a temporada de 2014 é apropriada por a Fórmula 1 passar por profunda revisão conceitual no regulamento técnico. Os motores serão turbo, não mais aspirados, e haverá sensível redução na geração de pressão aerodinâmica. Os primeiros estudos já começaram.
É a hora certa para os engenheiros projetarem seus carros já com o canopi. Até lá o Instituto FIA teria já concluído os estudos sobre como implantar o recurso com segurança que, como lembrou Massa, não é tão simples de ser incorporado no caso da Fórmula 1. Vai melhorar bastante a aerodinâmica do conjunto, haverá menos arrasto ou resistência ao movimento.
Além de Massa quase perder a vida, no GP da Hungria de 2009, ao ser atingido por uma mola solta do Brawn GP de Rubens Barrichello, naquele mesmo ano o jovem Henry Surtees morreu em decorrência de uma roda solta atingir seu capacete, numa prova de Fórmula 2 no circuito inglês de Brands Hatch.
By Livio Oricchio do Estadão
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