quarta-feira, 13 de junho de 2012

SEGURANÇA NA REDE 01



Opinião: Flame é fichinha perto do estado atual da cibersegurança
Roger Grimes, InfoWorld
13 de junho - 08h00

Você se assustou com o Flame? Roger Grimes, colunista da InfoWorld, diz que
vírus é menor dos males diante das ameaças contra empresas e usuários comuns.

A estratégia de ataque do vírus Flame é muito interessante, não posso
negar. É incrivelmente complexa, explora conceitos de distribuição em
cadeia, se aproveita de vulnerablidades dos certificados digitais de
empresas e das vulnerabilidades do WPAD (Web Proxy Auto-Discovery
Protocol). Ele certamente vai entrar para a história. Ainda assim eu não
consigo me preocupar exageradamente com o Flame. A Microsoft, empresa para
quem trabalho em tempo integral, revogou o certificado digital fraco que
abria a brecha e a vulnerabilidade do WPAD foi contornada.

Existem jeitos mais fáceis de conseguir o mesmo tipo de ataque, como por
exemplo o truque do pass-the-hash.Alem disso, o Flame não se disseminou largamente.
 Mas a principal razão para eu não estar tão apavorado com ele é que a segurança em TI
 já estava em mau estado mesmo antes. O chamado 'supervírus' pode ter jogado mais
lenha na fogueira, mas o inferno já está queimando há um bom tempo. Se você
me perguntar o quanto está ruim, eu respondo com alguns itens do cenário
pré-Flame:

1. Mais de 1 milhão de computadores são atacados com sucesso por dia. Isso
representa um computador invadido a cada 14 segundos,

2. Quase 40% de todos os computadores mundiais estão infectados por
algum tipo de vírus,

3. No cenário corporativo, 90% das empresas mundiais tiveram suas redes
invadidas no ano passado,

4. Um em cada sete adultos tem sua conta bancária, identidade ou senha
comprometida todo ano, segundo a Privacy Rights, Isso dá o número recorde
 de 280 milhões de casos de ataques nos últimos oito anos,

5. Cerca de 80% dos sites maliciosos de web estão hospedados ou
hackeados em sites legítimos,

6. Já é comum que um único ataque de hacking cause mais de 100 milhões
de dólares em perdas. O ataque contra a rede da PSN Sony é um bom exemplo,

7. Grupos de hackers como o Anonymous rotineiramente
invadem grandes empresas globais e até mesmo as autoridades que os investigam.

8. Hacks que capturam e vazam informações de milhões de senhas já estão
tão numerosos que quase nem mais são notados. O ataque ao Linkedin é um exemplo,

9. Um único worm (vírus autorreplicável), o SQL Slammer conseguiu infectar praticamente
 todos os computadores desprotegidos que ele alvejou em menos de dez minutos,
 e isso era em 2003,

10. Vírus estão se multiplicando em plataformas móveis de uma forma que
até parece que não aprendemos nada nesses últimos 25 anos de ataques a PCs,

11. Taxas de spam estão acima de 65% e já faz quase dez anos que a lei CAN-SPAM de
 2003 foi assinada para regular email comercial,

12. Um em cada 14 downloads de internet é malicioso.

13. O custo anual do crime cibernético está estimado em 114 bilhões de dólares,

14. A taxa de sucesso para prisões e processos contra cibercriminosos é menor que 0,01%,

15. O hacking entre países é tão subversivo que o Google agora está alertando automaticamente
os usuários sobre possíveis ataques movidos por governos,

16. Stuxnet, Duqu, e agora o Flame provam que vírus complexos podem
atravessar qualquer sistema de segurança de um computador,


Com tanta coisa ruim rolando, eu me pergunto qual seria o acontecimento
dramático que faria finalmente as pessoas se levantarem e dizerem um basta.
Cheguei a pensar que poderia ser um ataque ao Google ou a derrubada da
Bolsa por um dia, mas agora duvido que mesmo eventos de tal magnitude
ocupariam mais do que uma semana as manchetes dos noticiários. Na medida em
que o mundo e as aplicações de missão-crítica continuam crescendo, prevejo
que alguém, algum dia, vá cometer um cibercrime tão hediondo a ponto de
causar essa ruptura. Se a história serve como referência, um evento global
poderia acontecer por acidente se um programador mal intencionado perdesse
o controle sobre sua criação, como foi com o worm Robert Morris em 1998, o
SQL Slammer, ou o vírus Melissa Word.

Mas acidente ou não, alguém vai passar da linha e causar um grande estrago
de forma muito rápida . Um dia vamos atingir esse ponto de virada e o mundo
vai enlouquecer por um tempo. Os canais de notícia vão lotar de
"especialistas" nos dizendo o que aconteceu e o que precisa ser feito para
evitar que se repita. Vamos finalmente colocar em prática o que deveriámos
ter feito há 20 anos e tirar a internet desse clima de "Velho Oeste". Eu
não sei se aguento esperar porque está demorando demais para as pessoas
acordarem.

Como disse antes, há formas de consertar a internet de hoje. Podemos
faze-la um lugar bem mais seguro para computadores e isso nos levaria a uma
internet 2.0, na qual os participantes são identificados e verificados
antes mesmo de se envolver em alguma atividade que possa fazer mal a eles
ou aos outros. É um passo importante, mas seria o fim do anonimato por
default. Pessoas que precisassem mesmo ficar anônimas poderiam ainda
navegar e trabalhar na internet original, mas aqueles de nós que quisessem
mais segurança poderiam usar a nova versão. Podemos fazer isso usando
protocolos já existentes rodando na infraestrutura atual.

Eu abordo essa idéia no meu plano para consertar a internet.
Meu empregador, a Microsoft, tem oferecido sua visão para uma internet mais
segura com a iniciativa End-to-End Trust. E eu sempre amei as idéias da
Trusted Computing Group, que há muito tem trabalhado na construção dos
blocos básicos necessários para construir um mundo mais seguro. Mas
voltando ao meu assunto original e por que eu não fico assim tão incomodado
com o Flame e sua colisão MD5: Os problemas reais estão ligados à
infraestrutura e não a um worm específico ou à exploração de uma falha na
segurança. Não se distraia do problema real por conta do Flame. Se tirá-lo
do contexto, vai ver que todos os fatos que eu relatei continuam reais.
Nada mudou. Mas precisa mudar.

*Roger Grimes é colunista de segurança do InfoWorld desde 2005. Ele possui
mais de 40 certificados de computação e é autor de oito livros sobre
segurança de computadores. Tem combatido vírus e hackers desde 1987, no
início desmontando vírus para DOS. Palestrante frequente em eventos do
mercado, Roger atualmente trabalha para a Microsoft como Principal Security
Architect.*


Reportando agora pra mim, considero estes temas sobre Segurança na Rede de relevada importância.
Daí achei necessário coloca-las aqui no Blog.
Bebei-vos então.










Nenhum comentário:

Postar um comentário