sábado, 6 de dezembro de 2014

ODE À VINICIUS DE MORAES


PARA VIVER UM GRANDE AMOR  


Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... - não tem nenhum valor.
Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro - seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada - para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.
Para viver um grande amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fieldade - para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.
Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô - para viver um grande amor.
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito - peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.
É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista - muito mais, muito mais que na modista! - para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...
Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs - comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica, e gostosa, farofinha, para o seu grande amor?
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto - pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente - e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia - para viver um grande amor.
É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que - que não quer nada com o amor.
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a bem-amada - para viver um grande amor.

 

Soneto da Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

REVOLUÇÃO: MALWARE REGIN




November 25, 2014 // 04:57 PM CET

Um dos mais sofisticados malwares já vistos foi descoberto por pesquisadores. Chamado de Regin, a ferramenta supostamente tem espiado empresas de telecomunicações, governos, empresas e indivíduos ao menos pelos últimos seis anos, e parece ter sido usado pelos serviços de inteligência do Reino Unido.
A empresa de segurança Symantec anunciou a existência do Regin ontem, e os pesquisadores afirmam ser um malware “revolucionário e quase inigualável”, “cuja estrutura demonstra um grau de competência técnica raramente visto”.
Arquitetura é a marca registrada do Regin: cada etapa do malware é armazenada sorrateiramente na seção que a precede. Estas se descarregam de pouquinho em pouquinho, num total de cinco em estágios, culminando em um monitoramento quase que total de tudo que ocorre em um dispositivo por parte do invasor.
Neste tocante, a Symantec comparou o Regin ao infame malware Stuxnet, que também apresentava uma abordagem de diversos estágios. Costin Raiu, diretor da Equipe de Pesquisa e Análise Global da empresa de segurança Kaspersky Lab concordou com a comparação. “É uma excelente analogia”, disse, mas também apontou algumas das principais diferenças entre um e outro. A Kaspersky também tem conduzido pesquisas à respeito do Regin, de acordo com um post publicado após o lançamento do livro branco da Symantec, fornecendo mais algumas informações.
O Stuxnet foi criado para infiltrar e por fim fazer alterações no programa nuclear iraniano. Para tanto, lhe foi conferido a habilidade de se autorreplicar, passar de um computador para o outro e infectar pendrives, que então seriam levados às instalações que seriam seu alvo. Daí em diante, o Stuxnet tentaria controlar as centrífugas cruciais
O Regin não faz nada disso. Ele é o mais discreto possível, dando acesso a invasores para que possam monitorar, não destruir. “O principal foco do Regin seria vigilância, ao passo em que o do Stuxnet era sabotagem”, afirmou Raiu.

O REGIN PODE ESPIONAR O TRÁFEGO DE REDE, CAPTURAR SENHAS, RECUPERAR ALGUNS ARQUIVOS apagados, E TIRAR SCREENSHOTS

Quanto à suas capacidades assim que estiver dentro de um sistema, o Regin pode espionar o tráfego de rede; roubar dados de diversas formas; capturar senhas; recuperar alguns arquivos apagados; e tirar screenshots, dentre outras coisas. De acordo com o livro branco da Symantec, estas habilidades variam de acordo com o alvo do Regin.
Há uma função em especial que distingue o Regin de outros malwares, porém: sua capacidade de monitorar o tráfego GSM de estação de base, além do direcionamento específico para estações de base GSM. GSM, ou Sistema Global para Comunicações Móveis, é o conjunto de protocolos-padrão utilizados por telefones celulares, e uma estação de base é, essencialmente, um computador poderoso que lida com diversas torres de celulares simultaneamente.
“O acesso a este computador”, explicou Raiu, “dá aos invasores a possibilidade de controlar torres de celulares”. A partir disso, Raiu disse que seria possível facilitar outros tipos de ataques contra celulares, além da interceptação de ligações ou mensagens de texto.
Com a habilidade de detectar o tráfego da administração de estações de base, parece que os usuários do Regin tem um interesse particular em telecomunicações. Isto também reflete nos alvos do malware até o momento. De acordo com a Symantec, 28% das amostras de Regin analisadas por eles tinham como alvo empresas de telecomunicações, e cada ataque “desenvolvido para obter acesso à ligações sendo roteadas através de sua infraestrutura”. Já uma investigação separada conduzida pela Kaspersky mostrou que o Regin havia sido usado para atacar uma rede GSM em um país do Oriente Médio em 2008.
Por conta de sua natureza adaptável, o Regin também tem sido usada contra empresas do setor de energia, companhias aéreas, pesquisadores, e a indústria de hospitalidade. Os alvos mais populares, porém, foram indivíduos ou pequenas empresas, chegando a níveis de 47%.
A maioria dos alvos estava situado na Rússia e Arábia Saudita, de acordo com a análise da Symantec, apesar de que foram encontradas amostras em locais como México, Índia, Irlanda e Afeganistão.
Um dos indivíduos afetados, de acordo com Raiu, é Jean-Jacque Quisquater, um criptógrafo belga. Em 2013, foi revelado que Quisquater, que trabalha para a empresa de telecomunicações estatal belga, Belgacom, foi hackeado pela GCHQ, a versão britânica da Agência Nacional de Segurança, de acordo com documentos de Snowden. Não se sabe o método empregado para a invasão.
Mas veio à tona agora, de acordo com fontes que falaram com o The Intercept, o Regin foi descoberto durante uma investigação interna da tentativa de invasão por parte do GCHQ à empresa belga.
“Tendo analisado este malware e observado os documentos de Snowden [publicados previamente], estou convencido de que o Regin é utilizado pelos serviços de inteligência britânicos e norte-americanos”, declarou ao The Intercept Ronald Prins, um especialista em segurança contratado para conduzir a investigação.
Assim como a Symantec, Raiu não especulou quem estava por trás do malware. Porém, há certas evidências qtalvez adicionem mais peso à afirmação de que o GCHQ está envolvido. Dentre os codinomes internos de módulos do Regin encontramos ocorrências como LEGSPINv2.6, WILLISCHECKv2.0 e HOPSCOTCH. “Leg spin” é o nome de uma tática no críquete, bem como Willis é referência a um famoso jogador de críquete, sendo Willis Check uma de suas famosas jogadas, de acordo com Raiu.
Os timestamps nas amostras do Regin também podem dar pistas da localização de seus criadores, de acordo com a pesquisa da Kaspersky. “Em 100 diferentes módulos do Regin”, disse Raiu “[os timestamps] parecem indicar que os invasores trabalhavam entre 10h e 21h GMT”. Mas lembre-se, isso apenas “se pudermos confiar nestes timestamps”, adicionou Raiu, “caso não tenham sido forjados”.
Quanto ao significado da existência do Regin, Raiu crê que ele mostra o quão pouco sabemos sobre este universo dos malwares de alto calibre, governamentais. “Há indícios de que ele exista desde 2006, talvez 2003. Para mim, isso significa que existem muitos icebergs, ou joias raras por aí, que pouquíssimos conhecem.”

Joseph Cox by Motherboard


EVOLUÇÃO DOS VEÍCULOS INTERPLANETÁRIOS


Há quase exatos quarenta quatro anos, o veículo interplanetário soviético Lunokhod 1 pousou em Mare Imbrium, popularmente conhecido como o olho direito do rosto que se vê na Lua. Foi o primeiro rover a alcançar com sucesso um mundo extraterrestre, desencadeando uma crescente série de projetos mais complexos com objetivos ainda mais ambiciosos.
Uma réplica da sonda Lunokhod. Crédito:​ Petar Milošević
Dá uma olhada na história visual dessas aventuras robóticas, desde a viagem inaugural do Lunokhod até as missões conceituais em desenvolvimento atualmente.

O Programa Soviético Lunokhod

Um infográfico que explica o programa Lunokhod. Crédito: ​NASA
Você poderia esperar que o primeiro rover seria uma relíquia aeroespacial, ultrapassada pelas gerações que a sucederam, mas o Lunokhod 1 é tão sofisticado que ainda hoje ele é usado para pesquisas espaciais
Em 2010, a localização exata do veículo perdido há um tempão foi marcada pelo ​Lunar Reconnaissance Orbiter. Alguns meses depois, o astrofísico Tom Murphy emitiu um laser em direção ao veículo e descobriu que seu refletor tinha aguentado incrivelmente bem o tempo.
A imagem do Lunokhod feita pelo Lunar Reconnaissance Orbiter. Crédito: ​NASA
“Nós conseguimos cerca de dois mil fótons do Lunokhod 1 na nossa primeira tentativa”, disse Murphy em um anúncio oficial da NASA sobre a redescoberta do rover. “Depois de 40 anos de silêncio, ela ainda tem muito a nos dizer.”
O Lunokhod 1 está curtindo uma segunda vida ativa como parte integral dos estudos de espectro de laser do doutor Murphy, que basicamente​ testa os limites da relatividade geral. Mas sua primeira vida foi bem cheia também. Ele pousou suavemente na Lua no dia 17 de novembro de 1970 e desceu as rampas da sua nave mãe, a Luna 17, com moral.
Dali em diante, o veículo ficou os próximos onze anos dando um rolê por cerca de ​10,5 quilômetros na antiga cratera. O Lunokhod 1 fez cerca de ​20 mil fotos e conduziu cerca de 500 análises de solo durante esse tempo — um índice impressionante para o primeiro veículo interplanetário do mundo.
Embora a primeira aventura do Lunokhod 1 tenha sido finalizada no dia 4 de outubro de 1971, quando as tentativas de contatar o veículo foram definitivamente abandonadas, ele não foi o último dos Lunokhods. O Lunokhod 2 pousou na cratera Le Monnier no dia 15 de janeiro de 1973 e viajou a enorme distância de 39 quilômetros durante quatro meses, a mais longa caminhada de um veículo lunar até hoje — ainda que o veículo Opportuniy t​enha batido esse recorde recentemente em Marte.
Um selo de carta soviético com o Lunokhod 2. Crédito: ​Andrew Butko
Apesar de o Lunokhod nunca ter chegado a base de lançamento, o programa espacial soviético realmente mandou bem na sua primeira incursão com veículos interplanetários. Obviamente, a NASA tinha que aparecer com o primeiro veículo lunar americano. E, bem, eles fizeram o trabalho deles.
Os veículos lunares da Apollo
O Apollo 15 LRV. Crédito:​ NASA
É natural que o momento em que se andou sobre a lua tenha sido rapidamente seguido pelo momento em que se dirigiu sobre ela. Esse é o jeitinho americano. No dia 7 de agosto de 1971 a equipe do Apollo 15 estreou esses veículos lunares mais parrudos, os “Buggies da Lua”, na Mare Imbrium — a mesma região onde o Lunokhod 1 estava fazendo explorações. Para ambos, americanos e soviéticos, os veículos interplanetários começaram na mesma cratera.
Os "Buggies da Lua" definiram o último estágio do programa Apollo e foram incluídos na lista de credores do Apollo 15, 16 e 17. Eles permitiram que esses três últimos estágio do programa Apollo pudessem explorar uma quantidade muito maior de áreas de pouso enquanto facilitaram o transporte de equipamento científico e amostras lunares.
Eugene Cernan operanto um veículo lunar durante o Apollo 17. Crédito: ​NASA
Acima de tudo, os veículos lunares eram um sonho futurista. Eles são os únicos veículos planetários tripulados já construídos e nos deram uma previsão evocativa de uma civilização espacial do futuro. Toda história sobre ultrapassar fronteiras precisa de um veículo confiável e os buggies lunares da Apollo cumpriram essa tarefa. Ainda assim, os veículos lunares estavam prestes a pegar carona rumo a um novo alvo: Marte.

O Prop-M

O veículo Prop-M foi equipado com esquis em vez de rodas. Crédito: ​NASA
Assim como foram os primeiros a pousar um veículo na lua, os soviéticos também foram os primeiros pousar uma máquina em Marte, mas a série de veículos marcianos Prop-M nem chegou perto de ser tão bem sucedida quanto os veículos Lunokhod. O primeiro veículo do programa, Marte 2, teve uma chegada tensa no planeta no dia 27 de novembro de 1971 depois de os ​paraquedas do seu módulo terem falhado.
Embora a perda de investimentos tenha sido decepcionante, ​a batida resultou na chegada do primeiro objeto feito por homens a Marte, sem considerar as condições em que ele chegou. A colisão foi, posteriormente, redimida pela idêntica Marte 3, que realizou o primeiro pouso bem sucedido no dia 2 de dezembro de 1971.
Infelizmente, o rover nunca conseguiu explorar o planeta devido a falha de transmissão devastadora segundos após seu pouso. Isso marcou a última vez que o programa espacial soviético, ou o programa russo que veio a seguir, conseguiu comandar um veículo interplanetário.

O Sojourner

O Sojourner em Marte. Crédito: ​NASA
Passariam-se 26 anos até que outro veículo andasse pela superfície de Marte, ainda que inúmeros módulos estacionários tenha alcançado o planeta vermelho nesse meio tempo. Finalmente, em 1996, a NASA lançou a missão Mars Pathfinder, que incluia um modesto veículo chamado Sojourner. O veículo chegou a marte em 4 de julho de 1997, fazendo dos Estados Unidos o primeiro país a pousar um veículo em outro planeta.
O Sojourner saiu do módulo com câmeras e instrumentos, mas ele não foi pensado para ser um veículo sofisticado. Pesando apenas 11,3 Kg, o Sojourner andou por cerca de cem metros antes de sua comunicação ser interrompida no dia 27 de setembro de 1997.
Os veículos marcianos da NASA que vieram a seguir eram projetos muito mais ambiciosos e acabaram levando o nível para missões interplanetárias com veículos para níveis astronômicos.

Os Veículos de Exploração em Marte

Representação artística de um veículo de exploração em Marte. Crédito: ​NASA/JPL/Cornell University, Maas Digital LLC
A missão de Veículos de Exploração em Marte (Mars Exploration Rover Mission - MER) lançou dois veículos ao nosso planeta irmão: MER-A, apelidado de Spirit, que pousou em Marte em 4 de janeiro de 2004, e MER-B, apelidado de Opportuniy, que pousou no lado oposto do planeta três semanas depois, no dia 25 de janeiro.
Esses veículos gêmeos estão entre os mais bem sucedidos na categoria espaçonaves uma vez que eles ultrapassaram a duração planejada para suas missões em vários anos. Ambos foram criados para dar um passeio de 92,5 dias, mas o Spirit continuou operacional como laboratório móvel até o dia 1º de maio de 2009 e como laboratório estacionário até março de 2010, quando o contato com ele foi oficialmente perdido.
Um panorama marciano feito pela Spirit. Crédito: NASA/JPL-Caltech/Cornell
A Opprtunity, uma década após o pouso, ainda está zanzando pelo Meridiani Planum de Marte. Ela já andou por ​cerca de 40 km, mais do que qualquer outro veículo interplanetário, e continua a conduzir experimentos e enviar imagens para a Terra — ​as mais recentes são da passagem de um cometa em céus marcianos. O destaque considerável que a NASA teve com o programa MER explica por que a agência elevou as apostas ainda mais com o próximo veículo, o Curiosity.
Distâncias percorridas comparadas no Marte e na Lua. Crédito: NASA/JPL-Caltech
O Curiosity
O Curiosity posou para uma selfie em Marte. Crédito: ​NASA/JPL-Caltech
O rover Curiosity, casa do Laboratório Científico de Marte, é o ​mais caro e sofisticado veículo enviado a Marte. Ele parou dentro da cratera Gale no dia 6 de agosto de 2012 depois de uma sequência complicada e ridícula de pouso conhecida como “​os sete minutos de terror”.
Nos dois anos desde sua chegada, o Curiosity já viajou por cerca de oito quilômetros e ​fez uma série de grandes descobertas. A mais notável delas a respeito da capacidade do planeta de suportar vida microbiótica durante sua pré-história. Em outubro, ele ​chegou a seu destino final no Monte Sharp e desde então começou a ​escalar a montanha.

O Yutu

O Yutu, da China, ​foi despachado na Lua pela espaçonave Chang’e 3 no dia 14 de dezembro de 2013, o que é um feito histórico em alguns níveis. Não só é a primeira missão chinesa com um veículo espacial, como também é o primeiro pouso bem sucedido na Lua que algum país conseguiu ​desde a chegada do Lunokhod 2 em 1973.
Apesar dos problemas técnicos que se seguiram e de ​uma carta póstuma sentimental, o Yutu é uma clara expressão do investimento agressivo da China no seu programa espacial. É também um sinal de que, no futuro, a NASA não será a única no jogo de veículos interplanetários.
A Índia, por exemplo, está desenvolvendo um veículo lunar chamado Chandrayaan-2, ​que foi projetado para ser lançado em 2017. A Agência Espacial Europeia também está dando duro no ​ExoMars, um rover com expectativa de pouso em ​Marte em 2018. Depois dos golaços que essas duas agências fizeram — com a ​Mission Orbiter Mars (MOM) e a ​missão Rosetta, respectivamente —, o primeiro chute delas com veículos interplanetários tem sido bem esperado.
Um protótipo do ExoMars. Crédito: ESA/Jastrow
Os avanços técnicos extraordinários dos veículos interplanetários durante os últimos 44 anos apontam para um futuro de exploração interplanetária. Certamente, como escrevi em abril desse ano, a próxima geração de veículos espaciais ​terá formas drasticamente diferentes que os padronizados laboratórios sobre rodas que vemos até hoje.
Até que humanos possam​ fincar os pés em outros planetas, os veículos interplanetários continuarão a ser nossos olhos e ouvidos em planetas distantes do nosso sistema solar e, talvez, além dele. E já que a trajetória deles rumo ao futuro deve ser ao menos tão empolgante quanto a história contada até agora, bem, será uma viagem interessante.

Escrito por Becky Ferreira by Motherboard


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

BÀSICO DO TOC



Lavar as mãos excessivamente pode ser um sintoma de TOC

O chamado Transtorno Obsessivo-Compulsivo (“TOC”) (na literatura em inglês Obsessive-Compulsive Disorder – “OCD”) é uma doença em que o indivíduo apresenta obsessões e compulsões, ou seja, sofre de idéias e/ou comportamentos que podem parecer absurdas ou ridículas para a própria pessoa e para os outros e mesmo assim são incontroláveis, repetitivas e persistentes.
A pessoa é dominada por pensamentos desagradáveis que podem possuir conteúdo sexual, trágico, entre outros que são difíceis de afastar de sua mente, parecem sem sentido e são aliviados temporariamente por determinados comportamentos. O Transtorno Obsessivo-Compulsivo é considerado o quarto diagnóstico psiquiátrico mais frequente na população.

De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), até o ano 2020 o Transtorno Obsessivo-Compulsivo estará entre as dez causas mais importantes de comprometimento por doença.
A ciência tem conseguido esclarecer vários fatos em relação ao TOC embora não consiga ainda esclarecer suas verdadeiras causas. Provavelmente concorrem vários fatores para o seu aparecimento: de natureza biológica envolvendo aspectos genéticos, neuroquímica cerebral, lesões ou infecções cerebrais; fatores psicológicos como a aprendizagem; certas formas errôneas de ver e interpretar a realidade próprias dos portadores do TOC, e até culturais. TOC pode ocorrer após traumatismos, lesões ou infecções cerebrais; ser muito comum que numa mesma família existam vários indivíduos acometidos sugerindo uma predisposição genética. Além destes fatos foi sobretudo importante a descoberta de que determinados medicamentos que estimulam de alguma forma a assim chamada função serotonérgica cerebral reduzem os sintomas de TOC.

Os fatores de natureza psicológica influem no surgimento, na manutenção e no agravamento dos sintomas de TOC. É bastante comum que os sintomas surjam depois de algum estresse psicológico; conflitos psíquicos agravam os sintomas, e têm cada vez ficado mais claras certas alterações no modo de pensar, de perceber e avaliar a realidade por parte destes pacientes. Eles tendem a supervalorizar a importância dos pensamentos como se pensar fosse o mesmo que agir; tendem a supervalorizar o risco e as possibilidades de ocorrerem eventos desastrosos (contrair doenças, perder familiares, contaminar-se); tendem a superestimar a própria responsabilidade quanto a provocar ou prevenir eventos futuros; são perfeccionistas, perdendo muito tempo com a preocupação de fazer as coisas bem feitas e evitar possíveis falhas ou imperfeições e imaginam modificar o curso futuro dos acontecimentos com a execução dos rituais (pensamento mágico).

O TOC manifesta-se sob a forma de alterações do comportamento dos pensamentos. Sua característica principal é a presença de obsessões: pensamentos, imagens ou impulsos que invadem a mente e que são acompanhados de ansiedade ou desconforto, e das compulsões ou rituais: comportamentos ou atos mentais voluntários e repetitivos, realizados para reduzir a aflição que acompanha as obsessões.

Tipos mais comuns de TOC:
• Preocupação com sujeira, contaminação, medo de contrair doenças e lavagens excessivas
• Lavar as mãos inúmeras vezes ao longo do dia;
• Lavar imediatamente as roupas que tenham sido usadas fora de casa (mesmo limpas);
• Lavar as mãos imediatamente ao chegar da rua;
• Trocar excessivamente de roupa;
• Tomar banhos muito demorados, esfregando demasiadamente o sabonete;
• Usar sistematicamente o álcool para limpeza das mãos ou do corpo;
• Lavar as caixas de leite, garrafas de refrigerantes, potes de margarina, antes de guardá-los na geladeira;
• Passar o guardanapo nas louças ou talheres do restaurante antes de servir-se;
• Usar xampu, sabão, desinfetante ou detergente de forma excessiva;

Avalie a possibilidade de você ser ou não um portador do TOC
• Preocupo-me demais com sujeira, germes, contaminação, pó ou doenças.
• Lavo as mãos a todo o momento ou de forma exagerada.
• Limpo ou lavo demasiadamente o piso, móveis, roupas ou objetos.
• Tomo vários banhos por dia ou demoro demasiadamente no banho.
• Não toco em certos objetos (corrimãos, trincos de portas, dinheiro, etc.) sem lavar as mãos depois.
• Evito certos lugares (banheiros públicos, hospitais, cemitérios) por considerá-los pouco limpos ou achar que posso contrair doenças.
• Verifico portas e janelas mais do que o necessário;
• Verifico repetidamente o gás, o fogão, as torneiras e os interruptores de luz após desligá-los
• Minha mente é invadida por pensamentos desagradáveis e impróprios, que me causam aflição e que nem sempre consigo afastá-los.
• Tenho sempre muitas dúvidas, repetindo várias vezes a mesma tarefa ou pergunta para ter certeza de que não vou errar
• Preocupo-me demais com a ordem, o alinhamento ou simetria das coisas, e fico aflito (a) quando estão fora do lugar.
• Necessito fazer coisas de forma repetida e sem sentido (tocar, repetir certos números, palavras ou frases).
• Sou muito supersticioso com números, cores, datas ou lugares.
• Necessito contar enquanto estou fazendo coisas.
• Guardo coisas inúteis (jornais velhos, caixas vazias, sapatos ou roupas velhas) e tenho muita dificuldade em desfazer-me delas.
Caso tenha respondido positivamente a uma ou mais dessas afirmativas, é provável que você seja portador do TOC. Para o diagnóstico definitivo, os sintomas devem causar desconforto ou interferir de forma significativa nas suas rotinas, no seu desempenho profissional, ou nas suas relações sociais e ocupar pelo menos uma hora por dia do seu tempo. Em caso positivo ou se tiver dúvidas, discuta com seu médico.

by O Excluido.wordpress.com
 Pablo S Rosa