quarta-feira, 15 de outubro de 2014

A HIPOCRISIA INTERNACIONAL DIANTE DO EBOLA






GENEBRA - Em 1976, o vírus do Ebola foi identificado por cientistas belgas. Desde então, ele foi amplamente estudado e hoje, basicamente, se conhece tudo sobre a doença. Mas então por qual motivo não existe tratamento e nem vacina?

Eu fiz essa pergunta ao especialista que descobriu a doença, Peter Piot. Sua resposta beirou à hipocrisia. Segundo ele, em 28 anos, “apenas” 1,5 mil pessoas morreram.
O que ele não disse foi que todas essas 1,5 mil vítimas eram africanos miseráveis.

Eu me pergunto: se 1,5 mil franceses, alemães e americanos tivessem morrido de uma doença, será que ela continuaria a ser negligenciada pelas bilionárias empresas de remédios ou pelos investimentos dos governos?

Hoje, a Europa e os EUA estão diante de um desafio: a eventual chegada do vírus a suas casas. Rapidamente, governos estão iniciando mega-operações e colocando todo o tipo de controles em aeroportos.

Mas o que eles realmente temem, se seus hospitais são os mais modernos que a civilização já ergueu? Temem o vírus ou o reconhecimento de que, ao abandonarem populações inteiras por décadas, as condenaram à morte?

Para a OMS, o Ebola é um exemplo de um “doença negligenciada”, mais uma expressão criada pela diplomacia internacional que esconde a realidade de forma magistral.
Vamos ser claros: não existem doenças negligenciadas. O que existem são sociedades negligenciadas.
Um estudo publicado na revista Lancet indicou que, entre 1975 e 1999, 1,3 mil novos remédios foram desenvolvidos no mundo.

Quantos deles foram para as doenças negligenciadas? 16. Claro, quem morre dessas doenças não conta.
As empresas que precisam prestar contas a seus acionistas se defendem: não há como produzir um remédio para um grupo de pessoas que não tem dinheiro não para se alimentar.
Minha pergunta é simples: e quem presta contas à humanidade e à história?
Agora, americanos e europeus correm cinicamente para mandar dinheiro, médicos e equipamentos para Serra Leoa, Libéria e Guinea.

Hoje, obviamente o pânico é em parte o resultado do imaginário coletivo sobre a chegada de uma doença supostamente desconhecida num grande centro urbano.
Mas é, acima de tudo, o pânico de ter de se confrontar com a dura realidade de que a desigualdade social mata. E todos os dias.

by Jamil Chade - Estadão

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A MÃO DIVINA DO HOMEM

A TERRA TEM 52% DE ANIMAIS A MENOS DO QUE EM 1970

Desde 1970, mais da metade da população mundial de animais vertebrados desapareceu, de acordo com com o relatório bianual do World Wildlife Fund.

O "Relatório do Planeta Vivo"estuda as populações de mais de 10 mil espécies de mamíferos, pássaros, répteis, anfíbios e peixes. Segundo o estudo, 52% da população total da fauna selvagem do planeta morreu entre os anos de 1970 e 2010.

"Nós estamos destruindo, pouco a pouco, a capacidade de auto-suficiência de nosso planeta", afirmou Carter Roberts, CEO da WWF, em um comunicado.
De acordo com o relatório de 180 páginas, o declínio é mais agudo nas regiões tropicais e nos países menos desenvolvidos. Na América Latina, por exemplo, o declínio foi de cerca de 83%.

 

Esse gráfico expõe o declínio da população animal desde 1970. Crédito: WWF
"A destruição de habitats e a exploração extrema da caça e da pesca são as principais causas desse declínio", aponta o relatório. "A mudança climática será a próxima vilã; é provável que essas populações sejam ainda mais prejudicadas no futuro.”
Dentre os animais vertebrados, as populações de espécies terrestres e marinhas tiveram uma baixa de 39%. A maior queda, segundo o grupo, ocorreu na população de peixes de água doce e anfíbios; os pesquisadores registraram um declínio de 76% na população total.

 


Para efetuar esse cálculo, o grupo utiliza o "Índice Planeta Vivo", que utiliza dados de 10.380 populações de 3.038 espécies vertebradas.
"Essas populações tem sido estudadas e monitoradas amplamente por cientistas e pelo público há anos, o que implica na disponibilidade de muitos dados sobre o estado de populações específicas e suas respectivas movimentações", afirma o estudo.

É bom lembrar que o WWF é uma organização profundamente engajada na preservação da biodiversidade do planeta, o que significa que esse relatório deve ser lido com alguma cautela. Mas, entre as organizações ambientalistas, ela tem sido uma das mais confiáveis, e suas afirmações não são tão absurdas quanto imaginamos. É de conhecimento geral que a Terra está passando por sua sexta onda de extinção em massa, e existem muitos indícios de que nós somos os responsáveis por esse evento.

Se levarmos em consideração o notório fenômeno que ameaça anfíbios e corais, a mingua da gigante fauna africana, os terríveis vazamentos de petróleo e destruição do Golfo do México, a proliferação de micro-plásticos em nossas águas, e o desmatamento e extração de petróleo que destroem nossas florestas tropicais, nada disso parece muito surpreendente, né?



Tradução: Ananda Pieratti
By Motherboard

                                                                                                                                                  


BOYAN SLAT: O Garoto que quer limpar o Mar.





   

Plástico é o grande resíduo resistente da sociedade de consumo. Uma sacola plástica decompõe-se em cerca de 20 anos; uma garrafa demora por volta de 450. Barato e de aplicação universal, 225 milhões de toneladas do material são produzidas anualmente, a partir de um recurso não tão inesgotável quanto costumava ser: petróleo.

O plástico polui nossos oceanos na forma de partículas flutuantes, por vezes formando até mesmo ilhas. Estima-se que haja 150 milhões de toneladas de plástico nos mares, com 100 mil toneladas somente na mancha de lixo do Pacífico Norte. Isto significa que o plástico é responsável por cerca de 70% de toda a poluição nos oceanos. Se estes números não são o bastante para ilustrar o simples volume do problema, veja só estas pessoas posando em meio ao lixo doméstico semanal que geram.

Foi durante um mergulho na Grécia que Slat, à época com 17 anos, compreendeu a gravidade da situação. Desde então, o adolescente holandês, que acaba de completar 20 anos, dedica sua energia ao desenvolvimento de uma técnica que utilize a força dos redemoinhos para recolher o plástico.

Hoje, ele lidera uma equipe de 100 cientistas, estudantes, e apoiadores. E com o seu recente sucesso no crowdfunding, parece que o trabalho não irá diminuir. Ele explicou que seu próximo passo é construir protótipos melhorados de seus coletores flutuantes de 100 km de comprimento, antes de ancorar o sistema em águas poluídas nos próximos três a cinco anos.

“Não temos folgas, isso faz parte mesmo do projeto de limpeza do oceano”, declarou Slat, que alternava entre diversas ligações e emails durante uma visita a sua oficina em Delft. Ocasionalmente, ele estudava leituras de um aplicativo que monitorava as doações para o seu projeto; na época, ele estava chegando quase aos 2 milhões de dólares no crowdfunding.

“No momento a Alemanha é nosso segundo maior doador”, afirmou durante um momento mais descontraído. “Sem a internet, este projeto não estaria de pé.”

É claro que o Ocean Cleanup Project não é o primeiro conceito de retirada de lixo dos oceanos. Há o projeto One Earth – One Ocean, de Munique, cujo objetivo é recolher o lixo com seu barco customizado, o Seekuh. Existem projetos de rede como o The Clean Oceans Project, que busca educar a população em escala global. E claro, há o adorável Mr. Trash Wheel: uma roda de moinho estilo cartoon que perambula pelo porto de Baltimore.

O que torna o projeto de Slat único é que ele parte da premissa de deixar as correntes marinhas fazerem o trabalho pesado, levando o plástico de forma eficaz pelo meio de uma estrutura com formato em V, onde o lixo será coletado e enviado regularmente à terra em lotes maiores. A barreira ancorada de 100 km, adicionou Slat, seria a maior estrutura já construída nos oceanos.
Os custos serão enormes, mas Slat ainda afirma que o projeto em si custaria 33 vezes menos que demais projetos convencionais em ação atualmente.

 

Nem todos estão convencidos. Stiv Wilson, do projeto 5Gyres, referiu-se ao esforço de Slat como uma falha e nada mais que uma ilusão. Em resposta, o jovem divulgou um longo estudo de viabilidade, em que demonstra, dentre outras coisas, como a vida marinha não será afetada ao passar por baixo da barreira.

Em um recente artigo no Süddeutsche Zeitung, cientistas alemães alertaram que o Ocean Cleanup Project causaria mais males que benefícios. Eles afirmaram que a força das correntes não foram estimadas corretamente, e que o plano de Slat poderia ser afetado pelo crescimento microbiológico na barreira.


De qualquer forma, Slat é grato pelas críticas que a comunidade científica fez de suas ideias; ele planeja continuar trabalhando em cima de futuros estudos de viabilidade e protótipos.
“O que queremos fazer nunca foi feito antes”, admitiu. “É provável que nos deparemos com diversas incertezas.”

No fim das contas, tirar o plástico do alto mar é só uma parte da solução. O objetivo final é encerrar, de uma vez por todas, o fluxo de lixo de nossa sociedade em direção aos oceanos. Sem mencionar a tarefa hercúlea que seria reciclar e reaproveitar todo o plástico assim que estiver em terra firme.
Se o projeto de Slat vai afundar ou não ainda é uma incógnita. Só não diga que ele não iria para o fundo junto com o barco.

Tradução: Thiago “Índio” Silva
By Motherboard

domingo, 12 de outubro de 2014

Bulldozing the Border Between Iraq and Syria: The Islamic State (Part 5)

Christians in the Caliphate: The Islamic State (Part 4)

Enforcing Sharia in Raqqa: The Islamic State (Part 3)

                                                  

"Eu te desafio a encontrar alguem vendendo bebida alcoolica"

A Ambev sumia ou quebrava por aqui.

Grooming Children for Jihad: The Islamic State (Part 2)

                                   



"O filho do Califa lutou contra os Romanos quando tinha 17 anos". Há mil e tantos anos atrás.

Hoje aqui no Brasil tambem temos crianças com armas na mão. E nem foi incentivada por mim.


The Spread of the Caliphate: The Islamic State (Part 1)



                            
 Já escrevia Karl Max..."A religião é o ópio do povo".

E se perceber um ódio de décadas aos Americanos então...